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Nas Teias de Salazar -: D. Duarte Nuno, entre a esperança e a desilusão
By Paulo Drumond Braga. 2017
D. Duarte Nuno apoiou sempre o Estado Novo, esperando que o regime evoluísse, mais tarde ou mais cedo, para a…
Monarquia, como aconteceu em Espanha. Tal nunca se verificou e, apesar das relações cordiais com Salazar, Marcelo Caetano e Américo Tomás, manteve-se numa permanente expectativa mas, a partir de dado momento, deve ter perdido toda e qualquer esperança de vir a ser rei. Deprimido com esse facto e também com a viuvez, perturbado a vários níveis com as transformações que se seguiram a 1974, morreu aos 69 anos de idade, precocemente envelhecido. D. Duarte Nuno (Seebestein, 23 de setembro de 1907 - Lisboa, 24 de dezembro de 1976), duque de Bragança, foi pretendente ao trono de Portugal de 1920 até à sua morte, mas só a partir de 1932, com a morte de D. Manuel II, congregou em seu torno a quase totalidade dos monárquicos portugueses. Apoiou sempre o Estado Novo, esperando que o regime evoluísse, mais tarde ou mais cedo, para a Monarquia. Salazar soube sempre manobrar com extrema habilidade esta questão, nunca fechando portas mas, em simultâneo, não dando qualquer passo concreto no sentido desejado por D. Duarte Nuno que, a partir de dado momento, deve ter perdido toda e qualquer esperança de vir a ser rei. Tudo isso, ligado a outros fatores, como a viuvez (1968) e as incertezas quanto ao futuro no Portugal de 1974-1975, agravaram um quadro depressivo a que sempre fora atreito. Morreu aos 69 anos, precocemente envelhecido, jazendo em Vila Viçosa.Criação e evolução
By Guido Pagliarino, Verônica Santos. 2016
Criação e evolução por Guido Pagliarino O ensaio trata de temas ligados ao evolucionismo, sobre o qual aumenta o preconceito…
e as imprecisões, como a ideia de que os termos "evolucionismo" e "darwinismo" sejam sinônimos, enquanto as teorias evolucionistas são múltiplas. O autor também trata do significado do termo acaso, mostra que na base da pesquisa científica existe sempre uma posição filosófica e às vezes também teológica ou até mesmo, profundamente ideológica. Considera as argumentações do criacionismo que, aos de fora de certos círculos fundamentalistas, não se baseiam em citações bíblicas, mas envolvem considerações racionais. Retornando ao evolucionismo e em particular à teoria dos equilíbrios pontuados, combatida ao que parece pelos criacionistas e vista com simpatia pelos evolucionistas religiosos ou não. Apresenta o pensamento dos últimos Papas sobre a evolução.Sua Eminência Escarlate, Armand-Jean du Plessis de Richelieu
By Laurel A. Rockefeller. 2019
Sacerdote. Amante. Político. Da autora da série de biografias best-seller "Mulheres Lendárias da História do Mundo" ... O cardeal Armand-Jean…
du Plessis, duque de Richelieu, é um dos políticos mais famosos - ou infames de todos os tempos. Tornado um vilão no popular romance de Dumas, "Os Três Mosqueteiros", o homem de verdade era um servidor público dedicado, leal ao rei e ao país. Um homem de lógica e razão, ele transformou a maneira como pensamos sobre nações e nacionalidade. Ele secularizou as guerras entre países, patrocinou as artes em prol do bem público, fundou o primeiro jornal na França e criou a França como o país moderno que conhecemos hoje. Cheio de música de época, dança e muito romance, "Sua Eminência Escarlate" transporta você de volta à corte do rei Luís XIII em todas as suas cores vibrantes e vivas.Sobre o politicamente correcto
By Manuel Monteiro. 2019
Pelo autor do aclamado Por amor à língua, uma análise lúcida e oportuna sobre um tema fracturante: o Politicamente Correcto…
Manuel Monteiro, autor do aclamado Por Amor à Língua, vira a sua atenção para um tema que muita tinta tem feito correr nos media e nas redes sociais: o Politicamente Correcto e a linguagem a ele associada. O cuidado e o respeito na forma como nos dirigimos ao outro e descrevemos o que nos rodeia são considerados, pela maioria, formas básicas de educação essenciais à boa convivência. A língua evolui com os tempos e ajusta-se a novas realidades, diferentes formas de olhar o mundo, algo natural no processo de transformação civilizacional e social. Mas deverá este processo ser forçado? Serão todas as suas propostas positivas e igualmente defensáveis? Estará o Politicamente Correcto a impor uma visão do mundo, ao invés de nela participar? Serápossível - ou desejável - mudar mentalidades por decreto? Argumentos de ambos os lados são pesados com a ponderação e o humor característicos do autor acerca de um assunto mais complexo do que aparenta e que mexe com o mais profundo da identidade de cada um: o modo como nos expressamos. Em Sobre o Politicamente Correcto, após um aturado trabalho de pesquisa, Manuel Monteiro debruça-se sobre a vertente linguística (e não só) de um dos temas que mais têm apaixonado a opinião pública nos últimos anos: o Politicamente Correcto. Os elogios da crítica sobre Por amor à língua: «Este livro diverte, ensina, corrige, chama a atenção, ilustra, melhora-nos, dá vontade de ler - é um achado. É um elogio da nossa língua. Ninguém se sinta atacado. Estamos sempre a aprender. Bravo Manuel Monteiro(que não conheço) que o escreveu.» Francisco José Viegas «Por Amor à Língua é um livro chocante e salvífico. [#] Manuel Monteiro não está a debater questiúnculas estilísticas - está a lutar contra a maneira como a grande maioria dos portugueses usa a língua.» Miguel Esteves Cardoso, Público «Uma obra em defesa da complexidade e beleza do Português que escrevemos. Missão mais nobre não há.» Expresso «Manuel Matos Monteiro é autor de um notável trabalho de vigilância da Portuguesa língua.»António Jacinto Pascoal, PúblicoHistória política contemporânea: Portugal 1808-2000
By António Costa Pinto, Nuno Gonçalo Monteiro. 2012
Uma história política indispensável para a compreensão do Portugal contemporâneo. Os últimos dois séculos, correntemente designados por História Contemporânea, estão…
longe de ser bem conhecidos ou de convocar uma memória partilhada dos portugueses. Além de uma imagem remota e difusa do século XIX e dos primórdios do século XX, dividem-se entre ideias fortes sobre a História portuguesa recente, como o salazarismo, a guerra colonial, o 25 de Abril de 1974 ou a adesão à União Europeia em 1986.A história da vida política de Portugal que aqui se apresenta inscreve-se em contextos mais amplos - ibéricos e atlânticos, em particular -, e partilha de cenários globais que marcaram de forma indelével os primórdios da contemporaneidade portuguesa, como as invasões francesas e as independências latino-americanas.Ao longo de cinco capítulos demarcados cronologicamente e sob a coordenação dos historiadores António Costa Pinto e Nuno Gonçalo Monteiro, os autores dão testemunho da persistente interdependência dos destinos ibero-americanos, desde o colapso imperial e a revolução liberal, na primeira metade do século XIX, até aos indícios da estagnação económica e às incertezas do projecto europeu no início do século XXI. História Política Contemporânea: Portugal - 1808-2000 nasce de um projecto maior e mais complexo, idealizado pela Fundação Mafre e publicado pela editora Objectiva entre 2013 e 2015, a História Contemporânea de Portugal: 1808-2010. Ao longo de cinco volumes dirigidos a um público alargado e diverso, mais de vinte autores debruçaram-se sobre os aspectos mais marcantes da vida contemporânea do país: a política, a economia, a sociedade, a diplomacia e a cultura. O resultado foi uma das Histórias contemporâneas de Portugal mais importantes da actualidade, um trabalho incontornável tanto a nível académico como de divulgação. Em 2019, a Fundación Mapfre e a editora Objectivavoltam a unir esforços para, com a atenta coordenação e organização dos professores António Costa Pinto e Nuno Gonçalo Monteiro, disponibilizar um volume dedicado em exclusivo à história política do Portugal contemporâneo. História Política Contemporânea: Portugal 1808-2000, um projecto conjunto da editora Objectiva, uma chancela da Penguin Random House, e da Fundación Mapfre, conta com a coordenação e organização dos professores António Costa Pinto e Nuno Gonçalo Monteiro, ambos investigadores na área de História no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Este volume conta ainda com a participação dos professores Bruno Cardoso Reis, professor no ISCTE e assessor convidado do Instituto de Defesa Nacional, Paulo Jorge Fernandes e Rui Branco, ambos professores na FCSH- Universidade Nova de Lisboa.O mal sobre a terra: História do grande terramoto de Lisboa
By Mary Del Priore. 2002
«UM LIVRO ADMIRÁVEL.» MIGUEL REAL Uma viagem inédita à Lisboa de 1755 e a um dos momentos mais marcantes da…
modernidade - o grande terramoto de Lisboa de 1755. O acontecimento que mudou o mundo. «O melhor livro em língua portuguesa sobre o terramoto de Lisboa.» Miguel Real O grande terramoto de 1755, em Lisboa, não alterou apenas a aparência da, à época, capital do império português. Este fenómeno brutal da natureza alterou, também, a natureza e a dimensão da relação do homem com o Céu e a Terra. Mais, expôs impiedosamente as tensões que, à vez, alimentavam e minavam a sociedade portuguesa da altura. O fatídico 1. º de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos, constitui um dos mais terríficos e fascinantes acontecimentos de todo o século XVIII. A devastação da cidade de Lisboa, a perda de incontáveis vidas, a surpresa e o horror da destruição pelo abalo, primeiro, pela água, depois, e, por fim, pelo fogo, impuseram a subversão da ordem vigente e abriram a porta a fantasmas que povoavam os imaginários mais apocalípticos da época, a começar pela mudança. Com efeito, depois do terramoto, muito, se não tudo, mudaria. Se Voltaire e Kant dedicaram parte do seu pensamento e escritos a este acontecimento, tal não é menos verdade para inúmeros outros, mais ou menos anónimos, que, tendo vivido o horror e o trauma in loco e sobrevivido para contar, deixaram o seu testemunho sob a forma de cartas, poemas e memórias. Foram estes os documentos que Mary del Priore, reputada historiadora brasileira, leu e releu, analisou e esmiuçou, na bem-sucedida empresa de reconstituir a sociedade, a economia, a geografia e, mais importante, a psique lisboeta antes, durante e depois do terramoto. O resultado é uma obra de enorme sensibilidade e pormenor onde nada é deixado ao acaso e que oferece ao leitor uma viagem inédita e de grande cinematografia à Lisboa de 1755 e a um dos momentos mais marcantes da modernidade.História de Portugal contemporâneo
By Yves Léonard. 2016
P Hist ria do Portugal Contempor neo de 1890 aos nossos dias P …
P Quatro regimes pol ticos diferentes quatro Constitui es quatro ditaduras entre as quais a do Estado Novo salazarista - a mais longa da Europa Ocidental no s culo xx - dois chefes de Estado assassinados o rei D Carlos em Fevereiro de 1908 e o ditador Sid nio Pais em Dezembro de 1918 uma transi o democr tica singular uma descoloniza o tardia e conflituosa que reduziu brutalmente Portugal ao seu rect ngulo europeu anterior expans o iniciada no s culo xv uma emigra o end mica frequentes vezes sin nimo de pobreza e de futuro incerto e por fim uma europeiza o corol rio da moderniza o em ritmo acelerado cujo apogeu seria a Expo 98 essa exposi o universal organizada em Lisboa em 1998 para comemorar o 500 anivers rio da viagem de Vasco da Gama ndia s o muitos os acontecimentos e tend ncias que pautam o longo s culo xx portugu s aqui apresentado que por motivos de clareza pedag gica se sucedem numa dezena de cap tulos organizados por ordem cronol gica de modo a reflectirem os principais momentos de ruptura da sua hist ria pol tica Aquilo que interessante salientar a enorme riqueza da hist ria contempor nea de Portugal a complexidade das suas rela es com a Europa o seu posicionamento nico na charneira de v rios mundos entre os quais sempre lan ou pontes e estabeleceu cruzamentos como se a puls o do universal fosse sempre mais forte do que os seus limites geogr ficos Este relato tamb m p e a nu a dificuldade colectiva persistente de empreender reformas e de realizar op es estrat gicas consistentes P Ali s tamb m surpreendente observar a capacidade de resili ncia dos Portugueses a sua maneira nica de combinar resigna o e revolta motiva o e recusa decep o e entusiasmo solidariedade e resist ncia perante a adversidade Jorge Sampaio in Pref cioO consenso internacional construído em torno do modelo ocidental e sua abordagem civilizacional nas últimas décadas não demorou a mostrar…
sinais de fragilidade diante das crises estruturais induzidas pela pressão por uma globalização injusta. As dúvidas que suscitam a gestão pouco tranquilizadora deste projeto de globalização e as grandes crises globais, como a pandemia por Covid-19 que se alastrou por todas as nações, merecem, no entanto, uma pausa para reflexão aprofundada a fim de melhor compreender esta situação sem precedentes na história humana! Neste ensaio, dou a minha contribuição significativa na compreensão do novo processo civilizacional humano que se tornou um modelo único para todas as nações contemporâneas, de acordo com minha abordagem «geocivilizacional», oferecendo um olhar lúcido e sereno sobre as causas históricas da liderança dos ocidentais.Seja o que for
By Miguel Araújo. 2020
As crónicas estão para um romance como as canções para uma sinfonia. No final da II Grande Guerra o escritor…
inglês J. B. Priestley escreveu um livro chamado Delight, um conjunto de crónicas sobre o prazer de ler o jornal ao domingo de manhã, fumar na banheira ou escutar o som de uma partida de futebol. Era uma Europa que procurava um sentido maior depois de anos terríveis. Estes textos de Miguel Araújo lançam-nos um convite igualmente tentador. Desafiam-nos a que nos consigamos abstrair da correria da vida, nos desliguemos das catástrofes dos noticiários, e nos reencontremos com os grandes nadas e os pequenos tudos. Impelem-nos a que deixemos de ser "pessoas da sala de jantar", aquelas que "nem sequer percebem que o melhor das festas passa-se nas cozinhas", que telefonam demasiado e que preferem água de piscina a água do mar. Saímos destas páginas decididos a demorar no chuveiro, a comer comida de verdade e a descobrir a humilde filosofia contida no gesto de lavar a loiça. À mão e sem batotas. Miguel Araújo canta estes segredos em doses de três minutos, com o ritmo e a melodia de qualquer grande canção pop. Porque, seja o que for, bem ou mal, há que viver demoradamente.O vício dos livros
By Afonso Cruz. 2021
Um belíssimo livro para quem não pode viver sem livros. Com texto e ilustrações de Afonso Cruz, um dos mais…
completos autores portugueses, que surpreende a cada novo livro. Na biblioteca do faraó Ramsés II estava escrito por cima da porta de entrada: «Casa para terapia da alma.» É o mais antigo mote bibliotecário. De facto, os livros completam-nos e oferecem-nos múltiplas vidas. São seres pacientes e generosos. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor. Somos histórias, e os livros são uma das nossas vozes possíveis (um leitor é, mal abre um livro, um autor: ler é uma maneira de nos escrevermos). Nesta deliciosa colheita de relatos históricos e curiosidades literárias, de reflexões e memórias pessoais, Afonso Cruz dialoga com várias obras, outros tantos escritores e todos os leitores. Este é, evidentemente, um livro para quem tem o vício dos livros. Os elogios da crítica: «Afonso Cruz alcançará um lugar muito destacado nas letras portuguesas.» El País (Espanha) «Muito mais do que uma leitura recomendável; estamos perante um dos grandes livros da temporada, cheio de engenho e imaginação. Jesus Cristo bebia cerveja é uma lição de literatura.» Revista Quimera (Espanha) «A bela escadaria da Livraria Lello remete para a obra de Afonso Cruz. (...) Um escritor capaz de tocar várias cordas na sua guitarra. Jesus Cristo bebia cerveja é um romance transgénero; uma tragédia rural, rude e desesperada, uma história bucólica - a que não falta um pastor rústico e uma jovem que se banha nua no rio -, uma fábula política e ainda uma farsa. Joga em todos estes registos romanescos e desafia todas as convenções.» Éric Chevillard, Le Monde (França) «Umverdadeiro escritor, tão original quanto profundo, cujos livros maravilham o leitor, forçando-o a desencaminhar-se das certezas correntes e a abrir-se a novas realidades.» Miguel Real, Jornal de Letras «Afonso Cruz pertence a uma rara casta de ficcionistas: os que acreditam genuinamente no poder da efabulação literária. Em Para onde vão os guarda-chuvas o escritor está no auge das suas capacidades narrativas e serve-se delas para criar um Oriente inventado, onde as histórias brotam debaixo das pedras e se entrelaçam com extraordinária coesão.» José Mário Silva, Expresso «Para onde vão os guarda-chuvas é o ponto mais alto da capacidade narrativa e de efabulação de Afonso Cruz. (...) O que poderia não passar de um exercício de demonstração de sabedoria é um livro cheio de humanidade, muitas vezes brutal, e de um apurado sentido estético. Magnético.» Isabel Lucas, Público «Jalan Jalan concede-lhe um novo lugar na literatura portuguesa deste terceiro milénio. (...) Afonso Cruz passa a ter um mundo próprio com 26 luas a rodar o planeta das suas escritas, tantas como as letras do nosso alfabeto.» João Céu e Silva, Diário de NotíciasA incrível história de António Salazar, o ditador que morreu duas vezes
By Marco Ferrari. 2020
Esta é a história do princípio do fim de um ditador. Uma investigação minuciosa a um período em que a…
realidade superou a ficção: a queda de Salazar - da cadeira, do poder e da vida. Um livro importante e admirável do jornalista italiano Marco Ferrari. A 3 de Agosto de 1968, no forte de Santo António da Barra, António de Oliveira Salazar, líder da mais longa ditadura europeia, preparava-se para arranjar os pés com o seu calista quando, inesperadamente, a cadeira onde se sentara parte-se e o ditador cai redondo, batendo com a cabeça na pedra dura do chão. O período que se seguiu roçaria o insólito, com uma longa e barroca encenação de poder e normalidade até ao dia da morte de facto do ditador. Na sequência da famosa queda da cadeira, Marcello Caetano é chamado a substituir Salazar no cargo de presidente do Conselho. No entanto, num país dividido entre os que apoiavam o regime e os que eram aterrorizados pela mão-de-ferro repressiva da PIDE, a situação semicomatosa de Salazar foi mantida em segredo, inclusive do próprio. Ao longo dos dois anos seguintes, o seu gabinete encenava, diariamente, uma farsa para manter o ditador na ignorância sobre a mais real das quedas: a do poder. Reuniões de conselho e visitas de Estado, entrevistas de rádio e televisão, até uma impressão diária exclusiva do Diário de Notícias - um quotidiano imaginário e escrupulosamente montado para manter na ilusão de poder o líder de um governo autoritário e brutal, responsável pela morte de 22 800 portugueses. Baseando-se nos testemunhos recolhidos dos 20. 000 resistentes presos pela PIDE e das suas práticas implacáveis de terror, Marco Ferrari, escritor e jornalista, devolve à nossa memória colectiva a verdade sobre os dois estranhos anos em que Portugal viveu em coma, com um velho ditador que já não o era. Uma investigação minuciosa a um período em que a realidade superou a ficção: a queda de Salazar - da cadeira, do poder e da vida. Um livro importante e admirável que nos relembra a aversão do poder à mudança e quão ridículo e devastador é o autoritarismo.Arrancados da Terra
By Lira Neto. 2021
Uma história dos judeus sefarditas. Expulsos de Portugal pela Inquisição, refugiaram-se na Holanda, ocuparam o Brasil e fizeram Nova Iorque…
Com prefácio de Esther Mucznick «É um grande livro, doloroso nalgumas coisas, mas um excelente livro que eu recomendo vivamente.» Paulo Portas Entre os séculos XVI e XVIII, ser judeu em Portugal e respetivas colónias significava viver sob um regime de terror permanente. A Inquisição, ou Tribunal do Santo Ofício, constituía um autêntico Estado dentro do Estado, com poderes absolutos na repressão a crimes religiosos, dos quais professar o judaísmo era um dos mais graves. Denunciados por inimigos, ou mesmo por parentes sob a coação dos inquisidores, os judeus que recusavam a conversão sumária eram submetidos a prolongadas prisões e torturas. Insistir no «danado erro» da apostasia levava à fogueira. Restava-lhes esconderem-se ou fugirem. Milhares de judeus sefarditas abandonaram Portugal e fixaram-se noutros países europeus, nomeadamente na Holanda, em cuja capital se desenvolveu uma próspera colónia israelita de origem lusitana nas primeiras décadas do século XVII. A salvo da censura e da repressão, floresceu uma brilhante geração de rabinos, intelectuais e pensadores revolucionários. Depois da invasão holandesa do Nordeste brasileiro, na década de 1630, muitos judeus cruzaram o oceano para aí tentar uma vida melhor. E aí prosperaram, até ao retorno do jugo português e da Inquisição, que os obrigou a recomeçar a sua jornada incessante em busca da Nova Canaã. Dos cárceres do Santo Ofício à esperança do Novo Mundo, o reputado jornalista e biógrafo Lira Neto mapeia as vidas errantes dos pioneiros que formaram a primeira comunidade judaica das Américas, no Recife, e que ajudaram a construir Nova Iorque.Viagem pelos sete pecados da colonização portuguesa
By Henrik Brandão Jönsson. 2020
Inspirado pela ideia bíblica dos sete pecados capitais, o jornalista e escritor sueco Henrik Brandão Jönsson viaja pelas antigas colónias…
portuguesas, onde o Sol nunca se põe e os pecados nunca dormem. O impacto da expansão marítima e da colonização portuguesa é fortemente sentido ainda hoje. Deixou heranças mais negativas do que aquilo que nos permitimos admitir na história que costumamos contar, e levou muito mais do que "ouro, pimenta e canela". Escrito de uma perspetiva antropológica, este livro serve ao leitor o contraditório, o outro lado da História. Inspirado pela ideia bíblica dos sete pecados capitais, o jornalista e escritor sueco Henrik Brandão Jönsson embarca numa viagem ao mundo das antigas colónias portuguesas para retratar a vida como ela é hoje. Durante a sua jornada, descobre que as ex-colónias serviam como um contraponto ao ambiente conservador da então metrópole, uma válvula de escape onde o sexo, o álcool e o jogo floresciam. Em Goa a droga e a gula dominam; nas casas de jogo de Macau, reinam o dinheiro e a ganância; no Brasil, a preguiça ganha terreno; na ilha paradisíaca de Timor-Leste, a soberba floresce; na sensual Moçambique, vive-se a luxúria; e, na temperamental Angola, a ira alastra-se. Em Portugal, impera a inveja. Separado por muitas léguas marinhas, mas unido por uma língua e um colonizador comum, assim é o antigo império português, onde o Sol nunca se põe e os pecados nunca dormem.O consenso internacional construído em torno do modelo ocidental e sua abordagem civilizacional nas últimas décadas não demorou a mostrar…
sinais de fragilidade diante das crises estruturais induzidas pela pressão por uma globalização injusta. As dúvidas que suscitam a gestão pouco tranquilizadora deste projeto de globalização e as grandes crises globais, como a pandemia por Covid-19 que se alastrou por todas as nações, merecem, no entanto, uma pausa para reflexão aprofundada a fim de melhor compreender esta situação sem precedentes na história humana! Neste ensaio, dou a minha contribuição significativa na compreensão do novo processo civilizacional humano que se tornou um modelo único para todas as nações contemporâneas, de acordo com minha abordagem «geocivilizacional», oferecendo um olhar lúcido e sereno sobre as causas históricas da liderança dos ocidentais.O perfume das flores à noite
By Leila Slimani. 2021
De uma das vozes mais estimulantes da literatura europeia, um texto magnífico, que combina uma viagem pela memória com uma…
reflexão instigante. Como escritora que acredita que a verdadeira audácia vem do interior, Leïla Slimani não gosta de sair e prefere a solidão à distração. No entanto, aceita um inusitado convite para passar uma noite num museu em Veneza - um edifício mítico na Punta della Dogana. A noite insone acaba por ser o pretexto para a escritora deambular por outras paragens e outros tempos. Percorrendo, de pés descalços, as salas e os corredores do museu, estimulada pelo perfume das damas-da-noite que a transportam para a infância em Rabat, Leïla Slimani fala-nos do belo e do efémero, da virtude do silêncio, da magia da criação artística, da solidão e do sacrifício da escrita. Acompanhada pelas palavras e histórias de outros criadores, como Virginia Woolf, Rilke, Montaigne, Murakami e Emily Dickinson, Leïla conduz o leitor por uma viagem intensa, uma reflexão iluminada e um desfile de memórias comoventes. «Leïla Slimani transformou um desafio num livro necessário, numa petição a favor da literatura e da liberdade de si mesma, revelando o seu eu mais íntimo. Magnífico.» Les InrockuptiblesNo limiar da História: Renascimento, Reforma e os 40 anos que mudaram o mundo (1490-1530)
By Patrick Wyman. 2021
Neste livro, Patrick Wyman traz à luz um momento decisivo em que a Europa se liberta definitivamente da Idade Média…
e o curso da história é para sempre alterado. Um caminho de conhecimento, de curiosidade insaciável, de experiência e de descoberta que preparou o mundo para um futuro globalizado sem precedentes. Entre 1490 e 1530, o Ocidente renasceu. No limiar da História fala-nos de um período charneira para a história da Europa e do mundo. A massificação da imprensa, a globalização assente na exploração humana, o ensino humanístico, a introdução da pólvora no material bélico e um conflito religioso generalizado tiveram consequências disruptivas a curto prazo e modificariam, para sempre, o mundo em que vivemos. Ao longo de quatro décadas intensas, lançaram-se as bases para o Milagre Europeu: entre a travessia do Atlântico por Cristóvão Colombo e a ignição da Reforma Protestante por Martinho Lutero, ganhava forma o mundo moderno que reconhecemos e em que vivemos hoje. Através das histórias de vida de 10 pessoas reais - de Cristóvão Colombo ao banqueiro Jakob Frugger, Patrick Wyman traz à luz um momento decisivo em que a Europa se liberta definitivamente da Idade Média e a história do mundo é para sempre alterada. Um caminho de conhecimento, de curiosidade insaciável, de experiência e de descoberta que preparou o mundo para um futuro globalizado sem precedentes. Uma história de inovação e de rutura e de como a vontade humana não pode ser contida. «Uma história que merece ser bem recontada - como é o caso de No limiar da História.»Library Journal «Uma excursão rara que faz justiça à história e nos faz querer saber mais… Este não é um livro de História soporífero e académico (…). No Limiar da História é um livro fascinante, uma história cultural e económica ilustrada com política e histórias pessoais.»The National Review «No limiar… é um livro e peras. É, também, a mais rara das surpresas: uma leitura que escolhemos para aprendermos mais e onde acabamos por nos deixarmos embrenhar, deleitados.»Financial TimesUm Raio de Luz: Reinhard Heydrich, Lídice, e os Mineiros do Norte de Staffordshire
By Raquel Geheim Sch nerstein, Russell Phillips. 2018
Essa é a inspiradora história real do que acontece quando pessoas ordinárias se unem para resistir ao mal. Lídice era…
uma comunidade pacífica e vibrante na Tchecoslováquia com uma rica herança mineradora. Mas um ato de vingança nazista tornou essa vila apagada da existência e um horrífico capítulo da história europeia. O desastre chegou para Lídice em 1942 quando o proeminente oficial nazista Reinhard Heydrich foi assassinado. Descrito por Hitler como “o homem com coração de ferro”, Heydrich era um dos arquitetos-chave do Holocausto. Sua morte, após um ataque por membros da resistência tcheca, deixou Hitler furioso e desesperado por vingança. Procurando um bode expiatório para culpar pela morte de Heydrich, ele optou pelo vilarejo de Lídice, que havia sido falsamente ligada ao assassinato. Em um ato brutal que chocou o mundo, Lídice foi completamente destruída. Os homens foram alvejados enquanto as mulheres e as crianças foram reunidas e enviadas às suas mortes nos campos de concentração nazistas. Hitler estava determinado que, quando terminasse, ninguém sequer se lembraria de Lídice, muito menos moraria lá. O que ele não contou foi com os esforços de um grupo de ativistas na Grã-Bretanha, que resolveram se certificar de que Lídice nunca seria esquecida. Um Raio de Luz conta a história da queda de Lídice e o que aconteceu depois. Seria o vilarejo simplesmente permitido a se tornar uma nota de rodapé na história, ou levantaria das cinzas e forjaria um novo futuro? Esse livro é um testamento convincente do poder da amizade e da solidariedade, e de como a empatia e a compaixão podem ajudar a reconstruir o mundo.Viagem ao sonho americano
By Isabel Lucas. 2017
A América pelos livros. Uma viagem literária (e muito mais) pelos Estados Unidos da América, com Trump em pano de…
fundo. Um dos melhores livros do ano:Revista Visão * Comunidade Cultura e Arte * blogue literário Deus me livro O que é a América?Numa viagem pelo país que (ainda) é visto como o centro do mundo, Isabel Lucas sonda a condição americana, os seus mitos, paradoxos, medos e fragilidades, mas também a sua grandeza e capacidade de reinvenção. O ponto de partida para esta viagem foi a literatura, esse território onde ainda há lugar para questionar, desconstruir, reimaginar. Partiu de autores e obras de referência e explorou as suas geografias - a New Bedford de Moby Dick, a Newark de Philip Roth, o Texas de Cormac McCarthy, o Sul de Toni Morrison, o mapa da classe média de Richard Ford e John Updike, entre muitos outros. Nestes e noutros lugares, reais e imaginados, encontrou uma América que tem medo de se olhar nos olhos e outra América, a que quer olhar para dentro para se purgar dos males e avançar. Descobriu uma América que se fecha perante o desconhecido e outra América, a que vê na diferença a sua maior riqueza.Partindo dos livros, esta é também, inevitavelmente, uma viagem pelas ruas da América, pelas suas gentes, pelas vozes anónimas e pelos seus mitos, entre eles, o tal sonho fundador. Afinal, o que é o sonho americano? Será o sonho de um país ou o sonho de um mundo inteiro? Sobre Viagem ao sonho americano:«A propósito de sonho, não posso deixar de ressalvar, neste livro da Isabel, o privilégio de termos simultaneamente a repórter que nos descreve com argúcia e sensibilidade os muitos lugares de que se faz uma viagem de um ano e 97.000 quilómetros, a entrevistadora que nos revela os nossos semelhantes, iluminando-os, a critica literária que escolheu dezasseis obras fundamentais da literatura norte americana e depois acrescentou outras tantas, e finalmente a viajante aventureira.»Dulce Maria Cardoso «Nesta jornada intimista encontramos uma aventura de escrita pessoalíssima, ao mesmo tempo humana e intelectual.»José Mário Silva, Expresso «Jornalismono seu melhor. Daquele que exige tempo, tempo para fazer e tempo para digerir.»Pedro Dias de Almeida, Visão «Apresenta a América de uma perspectiva muitíssimo original. O livro merece, a todos os títulos, figurar como uma das melhores e mais originais obras produzidas nos últimos anos em matéria de literatura de viagens.»António Araújo, Público «Estelivro é um pedaço de grande literatura que merece ser amplamente lido e receber prémios.»Vasco Rosa, Observador «Um livro que está entre o jornalismo old school feito à séria e uma escrita perfumada e inspirada. Para o leitor, trata-se de um verdadeiro festim.»Pedro Miguel Silva, Deus me livro «Entre os melhores livros de não ficção do ano. A não perder.»Marco Alves, SábadoNas teias de Salazar: D. Duarte Nuno de Bragança (1907-1976), entre a esperança e a desilusão
By Paulo Drumond Braga. 2017
A primeira biografia de D. Duarte Nuno de Bragança, o príncipe herdeiro nascido para não reinar. Com testemunhos dos filhos,…
D. Duarte Pio e Dom Miguel, e fotografias do espólio da família. D. Duarte Nuno (Seebenstein, 23 de setembro de 1907 - Lisboa, 24 de dezembro de 1976), duque de Bragança, foi pretendente ao trono de Portugal durante mais de meio século (1920-1976), mas só a partir de 1932, com a morte de D. Manuel II, congregou em seu torno a quase totalidade dos monárquicos portugueses. Sempre apoiou o Estado Novo, esperando que o regime evoluísse, mais tarde ou mais cedo, para a Monarquia. Salazar soube manobrar com extrema habilidade esta questão, nunca fechando portas, mas, em simultâneo, não dando qualquer passo concreto no sentido desejado por D. Duarte Nuno, que, a partir de dado momento, deve ter perdido toda e qualquer esperança de vir a ser rei. Tudo isso, ligado a outros fatores, como a viuvez (1968) e as incertezas quanto ao futuro no Portugal de 1974-1975, agravou um quadro depressivo a que sempre fora atreito. Morreu aos 69 anos, precocemente envelhecido, jazendo em Vila Viçosa.O império às costas: Retornados, racismo e pós-colonialismo
By João Pedro George. 2023
Wiriamu. Descolonização. Compensações. Alcindo Monteiro. Integração. Racismo. Analisar o Portugal pós-colonial é urgente, e João Pedro George entregou-se sem medos…
a essa missão. Entre 1974 e 1981, Portugal acolheu e integrou cerca de setecentas mil pessoas chegadas dos antigos territórios ultramarinos portugueses no continente africano: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe.Numa época como aquela, política, social e economicamente instável, o extraordinário afluxo destes «retornados», como ficariam conhecidos, gerou uma enorme hostilidade em grande parte da população metropolitana, que se apressou a rotulá-los de imperialistas, racistas, colonialistas e reacionários. Muitos dos que regressavam à Metrópole, por sua vez, assumiram-se como críticos encarniçados da descolonização, um discurso que encontrou algum eco - um perigoso eco - em algumas forças políticas extremistas ou radicais, de pendor nacionalista e fascista. Os efeitos sociais e políticos deste súbito acréscimo populacional de 10% tiveram um impacto profundo nas estruturas institucionais do país e na consolidação da sua jovem democracia. Em O Império às Costas, João Pedro George relaciona e explora as diferentes vertentes da descolonização portuguesa, para assim demonstrar, por um lado, que a integração dos retornados foi um dos processos que mais influenciou a atual configuração da sociedade portuguesa, e, por outro, que a herança do colonialismo continua, ainda hoje, a fazer-se sentir na vida cultural, social e política do país. joao pedro george; descolonizaçao portuguesa; pos-colonialismo; historia de portugal; retornados; indemnizaçoes retornados; IARN; alcindo monteiro; racismo em portugal